Mais uma tentativa, mais um falhanço na minha vida. Mais uma desilusão, mais uma decepção a fragmentar mais a minha alma. Mais uma perda na minha vida que, de tanto perder, tem cada vez menos significado. Foi mais uma tentativa de viver que, ironicamente, me matou ainda mais. Para quê tentar se vou falhar? Porque continuar a tentar se voltarei a falhar? Para quê viver se já me mataram infinitas vezes? Estou fraco, quase desintegrado entre os fragmentos da minha alma. A vontade e o desejo de morrer é cada vez maior, ou, pelo menos, o desejo de deixar de sofrer. Cada vez me custa mais entrar em casa, a minha casa é como a minha alma, vazia, fria, solitária e sombria. Consumido pelo fracasso de não conseguir quebrar a barreira desta solidão, sinto-me dividido pela vontade de partilhar a minha vida e pelo medo de tentar fazê-lo. Não, não quero mais lamentar-me, não quero mais queixar-me da vida ser injusta, quando na realidade o não é. Injustas são as pessoas que encontrámos na nossa vida e que nos vão matando, que nos roubam a vontade de viver, que nos ferem a alma como se nada fosse. Pessoas que, friamente, nos matam e continuam a viver impunemente, na frieza dos seus actos, na inconsciência da consequência das suas opções. Pessoas que esperamos que nos proporcionem vida e só nos conseguem matar a cada momento que passa. Para que vou continuar a perseguir um sonho de uma vida partilhada quando, no fundo, me parece que vou acabar sozinho, com a solidão como companheira?
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(des)ilusão
Já escrevi sobre isto, as pessoas não nos desiludem, apenas destroem a ilusão que nós próprios criamos sobre elas. O único culpado das “desilusões” somos nós mesmos por criarmos, erradamente, estas ilusões. As pessoas são o que são, raramente ou nunca mudam, e quando o fazem é sempre para pior. Se nós não vemos a pessoa como ela é, independentemente se usam máscaras ou não, o erro é nosso de nos desiludirmos com elas. Quando as desilusões são muitas temos tendência para nos fecharmos ao mundo, para nos isolarmos das pessoas, numa auto exclusão supostamente protectora. Custa-nos a confiar em mais alguém, custa-nos deixar outro ser entrar na concha da nossa vida. Sofremos com a solidão mas o sofrimento é menor do que deixarmos mais alguém magoar o nosso ser, que já está frágil. Não podemos é deixar, como eu faço erradamente, que isso nos impeça de viver e nos impeça de sermos felizes. Desistir nunca é opção, embora eu já o tenha feito…
sociedade V
“Guia-te sempre pela decisão que produza menor soma de prejuízos a ti mesmo e ao teu próximo. Antes de assumires compromissos, reflexiona a respeito dos possíveis resultados, e mais facilmente saberás eleger aqueles que te proporcionarão melhores frutos para o futuro. Sempre que algumas vantagens para ti ofereçam danos para outrem, recusa-as, porquanto ninguém poderá ser feliz erguendo a sua alegria sobre o infortúnio do seu próximo. Isto equivale a dizer: “Não faças ao outro aquilo que não gostarias que ele te fizesse.” O que hoje percas a favor de alguém, amanhã receberás sem prejuízo de ninguém.”
prata do melhor estanho
Desilusões são desvios de comportamento nos outros em relação ao que nós achamos correcto. Quer queiramos quer não projectamos o nosso eu nos outros e esperamos deles o mesmo que nós faríamos ou diríamos. Nós esperamos que os outros sejam como nós, que ajam como nós, que respondam como nós. Não somos todos iguais, nem todos temos consciência dos outros e quando nos fazem algo que não faríamos a ninguém lá vem a desilusão, a decepção. Afinal de quem é o erro? Dos outros que fazem algo que seríamos incapazes? Nossa por esperarmos que os outros pensem em nós e não façam algo que nós achamos incorrecto? Não sei. Talvez o melhor seja esperar sempre o pior dos outros, assim não nos decepcionam e algo de bom que nos façam faz-nos sentir bem… Por isso digo: as pessoas são feitas de prata do melhor estanho…