Cada vez tenho pensado mais na vida, tento impedir que o passado influencie negativamente o presente e o futuro. Tenho medo, medo que o futuro seja algo de que eu não goste e nem queira. Sinto o tempo a fugir-me e os objectivos estagnados, já não os persigo. Não tenho, ainda, vontade de alcançar sonhos, objectivos e desejos. Tudo me parece cada vez mais longe, mais inverosímil, mais impossível… Tento, em vão, curar-me… Tento, em vão, sarar todas as dores, todas as mágoas e todos estes desgostos que me atormentam, pois só depois de curado saberei o que quero, como quero e que futuro desejo para mim. Por vezes anseio pelo abraço gélido da morte e, ao mesmo tempo, receio esse dia. Receio chegar às portas da morte e aperceber-me que não vivi, aperceber-me de todos os sonhos que me roubaram, de todos os desejos que me impediram de os concretizar, de todos os objectivos pelos quais lutei e perdi… É difícil aceitar tanta derrota, mesmo sabendo que fiz o que tinha a fazer e, talvez, até mais do que podia. É difícil aceitar o tanto que lutei em detrimento da minha própria sanidade e não ter vencido. Hoje estou mais positivo, mais lúcido, sei que terei um caminho árduo para recuperar a minha mente e sarar a minha alma, sei que, após a cura, terei de recomeçar tudo para tentar atingir esse objectivo comum a todos nós que é o desejo de ser feliz. Estou disposto a conseguir a felicidade após me sentir bem, após me sentir curado. As forças são poucas, mas estou a reuni-las para lutar outra vez pelo direito universal à felicidade…