“Trying is the first step towards failure”
Nada é impossível?
A Lamentação é Completamente Inútil
Não há dúvida de que é inútil e prejudicial lamentarmo-nos perante o mundo. Resta saber se não é igualmente inútil e prejudicial lamentarmo-nos perante nós próprios. Evidentemente. De facto, ninguém se lamentará perante si próprio, a fim de se incitar à piedade, o que nada significaria, dado que a piedade é, por definição, o voluptuso encontro dedois espíritos. Para quê, então? Não para obter favores, porque o único favor que um espírito pode fazer a si próprio é conceder-se indulgência, e toda a gente percebe quanto é prejudicial que a vontade seja indulgente para com a sua própria e lamentável fraqueza. Resta a hipótese de o fazermos para extrair verdades do nosso coração amolecido pela ternura. Mas a experiência ensina que as verdades surgem apenas em virtude de uma pacata e severa busca, que surpreende a consciência numa atitude inesperada e a vê, como de um filme que parasse de repente, estupefacta, mas não emocionada. Basta, portanto.
Cesare Pavese, in “O Ofício de Viver”
Por mais que lamente a minha vida, o mundo não vai mudar para me satisfazer as vontades e os desejos. Como buscar a minha verdade, se eu não sei qual ela é? Como chegar a essa epifania que é a minha realidade, a minha função, o meu destino? Como não me lamentar quando tudo corre mal, por mais que tente ou que lute? Porque lutar quando tudo parece perdido à partida? Porque tentar quando o falhanço me espera?
Sinto-me um pária do meu próprio ser
Um ostracizado do meu próprio corpo
Um exilado da minha própria mente
Um excluído pela própria alma
Um condenado à morte por mim mesmo
Juiz, júri e carrasco de mim mesmo
A ti, tentei dar a vida
A mim, me dei a morte
E nessa morte me exilei
Me exclui da vida
Me subtraí do universo
Nele, no universo, me sinto a mais
Me sinto único
Me sinto animal
Me sinto na solidão
Me sinto perdido
Me sinto ausente
Me sinto pequenino
Me sinto inferior
Nesta vida
Me sinto morto…
Me sinto culpado… de ser inocente…
Nesta liberdade… me sinto preso…
Hoje é o 93º aniversário deste Nobel da Paz, que passou muitos anos de vida preso pela sua luta pela igualdade anti-apartheid. Muita coisa já mudou por causa de um homem, faz-nos pensar que, afinal, podemos mudar o mundo para melhor.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Mandela
http://www.nelsonmandela.org/index.php
Hoje, finalmente, consegui comprar o livro “Tudo o que temos cá dentro” de Daniel Sampaio. Fui a muitas livrarias e nenhuma tinha. Espero gostar tanto deste como gostei do “Lições do abismo“.
Autor: Daniel Sampaio
Editora: Caminho
Local de publicação: Lisboa
Ano de publicação: 2000
ISBN: 972-21-1354-2Daniel Sampaio surpreende-nos com a espantosa quase-ficção que resultou em mais um novo título, Tudo o Que Temos Cá Dentro.
As emoções que este belíssimo livro provoca, o leitor poderá descobrir e sentir à medida que se deixar envolver por estas páginas preenchidas por dois percursos fascinantes, os de Nuno e Rita, protagonistas num universo que sabemos existir, mas que nem sempre temos a coragem de enfrentar.